sábado, 10 de novembro de 2018

ISMAEL FERREIRA DOS SANTOS

ISMAEL FERREIRA DOS SANTOSo Fuscão Preto[i]






Comerciante de fumo, servidor público e político santo-estevense.

Nascido na localidade de Pedra Branca, zona rural de Santo Estevão/BA, a 08/10/1922, veio a falecer no dia 07/05/1997, em Salvador/BA, aos 74 anos de idade. Foi sepultado no Cemitério Municipal Santo Estevão, em Santo Estevão.

Era filho do casal Vicente Santos Barbosa (Vicente Pedra branca) e Maria Ferreira dos Santos (Dona Neném), nativos da Pedra Branca, em Santo Estevão/BA.

Foi casado com Maria Ovídia Almeida Santos, conhecida por Dona Duzinha, nascida em 24/08/1927, e filha de Juviniana Ribeiro da Silva, moradora da mesma região rural aonde Ismael nasceu e cresceu, já é falecida.

O casal teve uma filha natural, a enfermeira Ilma Almeida Santos, nascida a 27/2/1958, mas ao longo de vida criaram com a mesma dedicação e amor, Marieta, a pedagoga Milena Cerqueira e Ivaneide.

Teve quatro irmãos no casamento de seus pais:
Antenor Ferreira dos Santos, nascido em 04/06/1929
João Gonçalves dos Santos, conhecido por Dunga
Osmar Ferreira dos Santos, nascido em 08/03/12932 e falecido em 03/06/1987
Idália Ferreira dos Santos, conhecida por Daí,

e a meia-irmã, Glicéria Leonor da Costa, conhecida por Dona Prêta, nascida em 6/12/1921, filha de Matildes Leonor Ribeiro com Vicente Santos Barbosa, pai de Ismael. Dona Prêta era muito conhecida e foi casada com o comerciante João de Marcilio, que se chamava João Batista de Aragão, nascido em 23/6/1917.







Ismael faz a aquisição de fardos de fumo nas casas dos agricultores, e Chiquinho de Manoel dos Reis (irmão de Jovita), Otávio, Louro e Véi de Aniceta são os encarregados de fazer o transporte, no lombo de burros até seu armazém que ficava ao lado da próspera loja de tecidos de seu pai na Pedra Branca. Quando o armazém é desativado, serviu muitas vezes de espaço para realização de festas da comunidade.
Assim começou a vida de comerciante Ismael.

Seus irmãos Dunga, Osmar e Antenor têm papel importante na vida comercial e política de Ismael.

Ismael vem para a cidade já casado com Dona Duzinha.

Ocupou o cargo de Juiz de Paz por muito tempo.

Ocupou o cargo de Delegado de Polícia por dois anos, no período entre 1971 e 1972, quando Walter Antonio de Oliveira era o Prefeito, tendo se afastado para concorrer ao cargo de Prefeito, sendo eleito.

Ocupou o cargo de diretor na sede da indústria alemã Suerdieck Charutos, em Salvador, por um período de 4 a 5 anos.

Foi Vereador por quatro vezes, nas legislaturas de:

1957, com o prefeito Lineu Cerqueira da Silva
1960, com o prefeito Linésio Bastos de Santana
1963, com o prefeito Lineu Cerqueira da Silva
1967, com o prefeito Wilson Rocha Lima e Silva

Foi Prefeito por duas vezes:

Entre 31/1/1973 a 30/1/1977, como sucessor de Walter Antonio de Oliveira
Entre 25/11/1983 a 31/12/1988, como sucessor de Adair de Miranda Cabral e Silva (e de Orlando Santiago que perdeu o cargo). Era seu vice-prefeito o cidadão Bastos dentista.

Foi Vice-Prefeito uma vez:

Entre 01/01/1993 a 31/12/1996

Ismael foi o responsável pela obra mais importante do século XX de nossa cidade, o conjunto arquitetônico da Praça da Bandeira (Praça da Lua), formado pela igreja matriz que foi reformada, com a reconstrução de um coreto, implantação de estátua de um padre, bancos e jardins, reunindo a comunidade num mesmo lugar, coroado pelos momento de celebração da fé católica, e a beleza do desenvolvimento urbano no marco de crescimento e organização da nossa cidade, com ricas homenagens à Igreja Católica, ao maestro Estevam Pedreira de Moura, e ao Monsenhor Odulpho de Almeida Figueiredo, padre mais importante do século passado até aquele momento.
O conjunto arquitetônico foi inaugurado no dia 26 de dezembro de 1987.





Outra obra muito importante reservada a Ismael, foi a de cunho social, quando um negro quebrou a hegemonia existente numa cidadezinha dominada e governada por brancos, tendo conquistando o poder, fazendo o desenvolvimento da cidade naquela época.

Num tempo em que famílias tradicionais dominavam o poder local, o comerciante de fumo que iniciou suas atividades na localidade de Pedra Branca, vem para a cidade, e sem perder suas raízes, continua a atividade comercial, instalando um depósito na Rua Genésio Cardoso (Rua das Quinze) no ano de 1953, e sem nunca se afastar de suas relações com a zona rural, passa muito tempo comprando a safra de fumo da região, e se integrando às relações de poder local, entra na política, se consagrando prefeito, tendo sido responsável pelo início da eletrificação rural do Município.

Numa época em que a nossa cidade era uma vila, Ismael alimentava famílias e trazia algum desenvolvimento, através do plantio e a comercialização de fumo, cultura tão importante na região.

Ismael gozava de prestigio e de confiança na comunidade, mas quando tentou se eleger prefeito pela segunda vez, um pejorativo que lhe deram terminou por consagrá-lo. Foi o apelido de Fuscão Preto quem garantiu a sua vitória, quando a justiça eleitoral caçou o mandato de Orlando Santiago 11 meses depois, fazendo Ismael prefeito de Santo Estevão novamente.

Consagrado, Ismael elegeu seu sucessor Edvaldo Freitas da Silva, em 1988, em nova disputa contra Orlando Santiago, e quando caminhava para a sua terceira eleição, divisões políticas o enfraqueceram, e Ismael se viu obrigado a se unir ao seu antigo adversário Orlando Santiago, como forma de evitar uma disputa acirrada, e evitar maiores custos na disputa com a nova e consolidada liderança, Edvaldo Freitas.

Ismael é eleito vice-prefeito de Orlando Santiago, e ao final desse mandato, não havendo consenso para indicá-lo como sucessor, Ismael vai disputar outra eleição, sendo candidato a vice-prefeito na chapa com Edvaldo Freitas, que tentou ser prefeito de novo, e sem êxito, os dois saem derrotados. Nessa eleição saiu vencedor Dr. Antenor Marques Fonseca.

Ismael foi vereador num tempo em que não havia remuneração, num tempo em que as representações nas comunidades eram garantidas de forma legítima pelo próprio povo.

Ismael urbanizou o Cruzeiro do Monte, melhorando o seu acesso, além de haver implantado alguns bancos.

Num tempo de controvérsias políticas e com a saúde frágil, Ismael vai morrer em 1997, aos 74 anos de idade.

Francisco Anísio Costa Pinto, Luz do Adro
[i] A música fuscão preto, cantada por Almir Rogério, teve o seu auge entre os anos de 1981 e 1982, e foi nessa época que apelidaram Ismael, como forma de menosprezá-lo, mas o efeito foi outro, e Ismael foi consagrado e eleito prefeito pela segunda vez, sendo lembrado até hoje carinhosamente pelo apelido que lhe deram. Fuscão preto deu certo e virou filme em 1983, e nesse mesmo ano Ismael voltava ao poder, a 25 de novembro.





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